domingo, 11 de maio de 2008

Tabaco

Vontade que me consomes,
Vício que me destróis,
És cativo, és Liberdade,
És somente vontade…
E, na verdade não dóis!

Cada vez que te aspiro,
A minha alma sôfrega,
Exála puro prazer,
Adoro ver-te esvanecer,
Numa lucidez mouca.

A noite respira o teu odor,
Os boémios te prestam culto,
No bréu não passas de vulto,
Quem te aspira sente sabor,
E, lágrimas brotam de ardor…

Tudo se torna confuso,
Se no ar és abundante,
Para uns és errante,
Para outros és obtuso.

Seguramos-te entre os dedos,
Numa ignorância tal,
Superas todos os medos,
Fazes parte de segredos…
Aspiramos todo o teu mal!

A outros vícios te unes,
Dás confiança, acalmas.
Pensamos ser-te imunes,
De doenças tu nos munes,
E apaziguas boas almas.

O silêncio é teu aliado,
Atrás de um vem sempre,
Mais um e outro Cigarro,
E a saúde nunca mente,
Tentação imbecil e demente,
Que começa com catarro,
E termina dolorosamente!

Não tens sabor definido,
E a tantos tens cativo…!

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