sexta-feira, 10 de julho de 2009

Catarse Soturna

Almas que olham o céu e vêem negro,
Como seus corações sem cor,
Onde a luz não chega, onde não há amor.
Apenas o Mundo lhes serve,
Servo real de banalidades.
Onde o ouro brilha mais alto,
Onde a vida é barata, feita de nojo!
Corre pelas ruas o sangue da Revolução,
Basta, chega, a vida é um Paraíso;
Mas logo certas pessoas a tornam num inferno,
Onde não há calor, só há frio, humilhação e dor!
É preciso mais cor nesses corações cinzentos,
Onde prolifera o lucro e a abundância.
E o resto?
O resto é ignorâcia.
Viver sem amor é impossível,
A amizade é um bem, a verdade é imperial.
Pode no mundo haver muito mal mas,
Os sentimentos positivos e verdadeiros
São invencíveis, são guerreiros temíveis
Que dão à vida mais sabor e sensatez.
Que chegam mais longe, onde tu não vês!
São a luz que muitos não querem ver,
Porque são cobardes e têm medo de amar.
Vão vivendo vidinhas sem dar azo a sentimentos,
Muito rectilínios, muito ponderados, infelizes!
Vive o inesperado, o pular a cerca, a novidade,
São os momentos, as pquenas recordações
que levamos desta curta passagem pela Terra,
porque debaixo dela tudo finda e o que resta;
são as boas memórias gravadas na consciência
de quem nos conheceu e amou , do resto nem reza a história!
Porque a grande maioria de nós é insignificante aos olhos da Humanidade...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Emagrecer de forma saudável até ao Verão, 4 dicas:

Faça uma boa alimentação, rica em fibras, vitaminas e sais minerais, varie os alimentos( Corte com a carne de porco, com os fritos e salgados, modere o consumo de proteínas(animais) e de carbohidratos. Opte pelo peixe, sopas e carnes brancas, beba sumos nauturais às refeições principais. Beba muitos líquidos entre as refeições, água ou chá[Verde, Vermelho, Cavalinha] (preferencialmente água) 1.5L p/ dia pelo menos. Reduza o tamanho do seu prato encha-o normalmente, não faça montanhas, não o deixe transbordar e não repita. Entre as refeições opte por petiscar, coma qualquer coisa de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas( iogurte, batido de fruta, fruta, bolacha integral, etc). Mastigue sempre bem e coma com calma.
Faça exercício moderado a intenso(140bpm), pelo menos 45m a 1hora por dia ou dias intercalados. Caso tenha patologias graves a nível de saúde(hipertensão, cardiopatias, diabetes, etc) fale com o seu médico e aconselhe-se a posteriori com um Personal Trainer. Ao fim do treino( depois de arefecer) tome um duche rápido com água fria de vez em quando (para tonificar), isto se, as condições meteorológicas o permitirem.
Opte por um bom creme adelgaçante/reafirmante ou anti-celulítico e aplique-o 2 vezes ao p/dia preferencialmente de manhã e à noite com massangens circulares nas zonas críticas.
Apanhe Sol directo no tronco e barriga pelo menos 10 a 15 minutos p/dia (ente as 9.30h e as 11.30h ou das 17h às 18.30h). Não aconselhável a pessoas com problemas tegumentáres!

Resultados só visíveis após 3 a 4 semanas de cumprimento integral.

- Beber água é fundamental, Beba-a em jejum também.

Agora Tens até ao Verão para te por à prova! Boa sorte!

terça-feira, 10 de março de 2009

Reino da Realidade

Quem vem lá? O que lá vem? Que ser será aquele que ainda vem tão longe, que de real só tem a sombra, nuns traços desenhados na aridez do chão, projectados pelo sol que lhe bate nas costas e que o transforma em sombra.
Sou eu que aqui venho, abram os portões, deixem-me entrar. Venho montado em sonhos de uma terra onde o sol brilhava. Uma terra sem nome, sem mapas, que sem mim já não existe mais. Terra distante que sonhei, nem sei se existiu ou se só a inventei. Mas, a verdade, sei que lá estive, e que enquanto a minha vida por lá se alimentou fui feliz e tive sempre o sol nos meus quatro pontos cardeais. Mas foi expulso porque, mesmo na terra dos sonhos, sonhei demais.Escorraçado vim com a lembrança de uma vida de bonança. E aqui estou eu.
Abram os portões, o Rei dos Sonhos chegou à terra da realidade. E o sol apagou-se, não há mais caminhos que precisem de luz, de calor e de conforto. Nesta terra, a minha real casa, sei os caminhos todos de cor e mesmo no escuro não me perco. Mas tenho frio, tenho frio e medo deste escuro.

domingo, 8 de março de 2009

Constelação Vénus

Saboreio o trago da Harmonia,
Entre mim esconde-se a solidão,
Abraço o Sol de um novo dia,
Escuto a Primavera em canção.

O calor revigora-me a alma,
A languidez oculta permanece,
O vento suave me aquece,
E meio vaga vem a calma...

Sou um espectro meio baço,
O espelho de meus olhos quebrou,
Há momentos em que não sei quem sou,
Sou um homem de amor escasso.

Caminho no deserto em chamas,
A paixão é saudade inconstante,
Estou sóbrio por um instante,
E a realidade é um mundo de Damas.

Umas cruéis, outras fatáis,
Umas castas promissoras,
Outras fictícias demais,
Lindas , doces, tentadoras!

O Mundo é de senhoras,
A vida parte delas,
Meio pintadas a aguarelas,
São como Deusas encantadoras!

Na vastidão de suas manhas,
Tecem fortes teias de carmim.
Belas, mas meio estranhas,
Nos engodam como um arlequim.

sexta-feira, 6 de março de 2009

A Busca

Na mesa resta o café e o jornal,
Passo a vista pela actualidade,
Neste Mundo existe tanto mal,
Quanta mentira e falsidade.

As horas passam, a vida não pára.
Os que por mim passam olham-me,
Com a desdém transparente que não conheço,
Férem-me olhares de pena!

Sou feliz, eles não.
Escuto a voz do coração,
Ouço os clamores da alma.
Sei que se avizinha a Vitória,
Mas não quero a fama,
Só o abraço terno de quem me ama...

Quero a Honestidade do Mundo,
Sentir-me mágico por um segundo,
Unindo corações vádios,
Que caminham cegos na lembrança,
Quando a maior cegueira é,
Não sentir Amor algum!

Nem Amor próprio...
Quanto mais pelo Próximo!

M.G.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Maré de azar

A vida corre-me nas veias,
A paixão e o amor perseguem-me,
A sorte deixou-me aquém,
Estou sozinho, mas sou de alguém!

Alguém que me despreza e me ama,
Me deixa perdido na cama...
Enrolado em recordações,
Embalado em canções
Que já não escuto.

Estou triste mas sou feliz,
Apesar das lamentações,
Magoei ternos corações
E, entre eles o meu também.

Vivo enleado na incerteza,
Que é ser teu e não ser de ninguém!

O que resta é o passado,
Que me alenta e desperta,
Deste sono encalhado,
“Que é ter o barco ancorado,
E não poder navegar,
No oceano do amor,”
Que me deslumbra e me afoga...!


M.G.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O amor vai à guerra

Ao vestir o uniforme para ir à guerra,
dizem-lhe que é uma batalha.
Para ele é uma guerra.
Está farto de batalhas.
Calças as botas.

Foi derrotado em todas as batalhas.
Coloca o quico na cabeça.
Está farto de perder batalhas.
Nunca ganhou a guerra,
nunca perdeu a guerra.
Por se ficar sempre pelas batalhas,
não avança, não regride, não cai, não voa.

Desta vez,

pega na espingarda,
e vai para a guerra.
Se perder,
não perde a batalha,
perde a guerra.

Desta vez,

não treme,
não tem medo,
não pensa,
não olha para trás.

Desta vez,

parte,
para a guerra.

Se lhe derem um tiro,
atirará o coração para a frente
e gritará “ Vim à guerra”.

Perplexa Negação

O Sol brilha e ofusca
Entre as negras e densas nuvens
Que ocultam a minha vida.

Sem querer penso que sou feliz!

Abraço o vento que me acaricia,
Respiro profundamente e, suspiro!

Procuro um foco de alegria,
E deixo que o meu Eu divague...

Sou um monge caminhante,
Um boémio diletante
Que se entrega ao prazer,
Que adora a Vida e viver!

Procuro um rumo certo,
O conforto da estabilidade;
Agora que encontrei,
Tudo me fugiu e desapareceu!
O Amor é um mar bravio,
Vem numa onda...
E logo se desfaz em reboliço,
Com a escassa água da maré.

Permaneço de pé!

Os pés enterrados no areal,
Sustenho-me entre o bem e o mal,
Que invadem o meu pensamento,
Aproveito o momento...

Agora penso no nada, e nada sou!

A felicidade é um horizonte distante,
Com que sonho a cada instante,
Que tarda
E teima em não vir.
Por vezes quero desistir,
Mas o meu espírito tenaz,
Não mo permite, e resiste.

Luto contra mim próprio,
Numa batalha que já perdi,
Que é o facto, de viver sem ti!
Só me resta chorar e lamentar,
Afundar-me na tristeza,
Que é ser teu,
E não te ter.
Mas, mesmo assim tento viver,
Construir uma vaga vida,
Equanto espero pela aprovação,
Visto que tudo em mim é um Não!

M. G.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Folha da Vida

Recebi uma folha em branco,
Nela escrevi frases soltas da minha vida,
Cresci formando prosa,
Nela depositei o quanto senti e amei.
Fui jovem, brinquei com as letras,
Que se cravaram como tatuagens,
Criancices, devaneios, viagens...
Toda a folha era eu, e ela comigo cresceu!
A certa altura não tinha mais onde escrever,
Pedi outra folha e mais outra,
E com elas nasceu um livro, que sou eu.
... Um diário, um amigo que sabia tudo,
O que vivia e que deveras sentia.
Sonhos, pensamentos, bons e maus momentos,
Palavras ditas de outros tempos em que era criança,
Assim recebi a herança que me corre nas veias,
Todos os dias.
Pensei a morte e na morte, ... noutras vidas.
Experimentei medos, vivi alegrias,
Dormi com a morte à cabeçeira,
Sempre oculta mas derradeira,
Pois, sempre existiu em mim!
E, quando me sentia assim;
Moribundo, aniquilado, triste e frustrado.
Lá estava a fiel companheira,
A folha em branco.
Sempre pronta a ser escrita,
A levar com os meus desaforos
Sem ripostar!
Depois...
Depois lia-a, chorava,
Dobrava-a e ia-me deitar...
Acordava bem disposto,
Pronto para viver mais um belo dia.
Mas, por vezes esquecia-me da caneta;
A grande amiga do acaso, logo pedia emprestado
O instrumento da arte de sentir. Quando escrevo
Sei sorrir, e tudo parece evoluir!
Agora que a folha acaba, não tenho onde escrever.
Gravo na alma escassas palavras,
Que a vida não consegue conter.
Há tanta tinta tanto por contar,
Mas vou ter de terminar, esta folha da minha vida.
Vou dobrá-la e fechar os olhos...a capa e contra capa!

- Espero por uma nova folha..., há-de chegar!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Sem querer, sonhei contigo...

Debaixo de um vão de escada,
Refugio-me de quem me rodeia,
A vida que tenho me escapa,
O sonho alude e serpenteia.

Sento-me à mesa só,
Divago entre pensamentos meus,
Nada mais que fumo e pó...
Os meus desejos são teus.

A caneta escreve sem destino,
por entre linhas tortuosas, rasuradas
vêm-me recordações de menino,
de outros tempos... mágoas passadas!

Amores, amizades, paixões
Que outrora me fizeram zombar,
São agora sólidos aluviões,
Moralismos, grande lições
Que me ensinaram a voar!

Plano alto com as gaivotas,
Que em turbilhão parecem bailar,
Entre as minhas mãos meio mortas,
Sinto o teu coração pulsar.

Abraço-te contra meu peito,
Mato a saudade, “afago o amor”,
Sinto-me um tanto desfeito,
Por já não sentir o teu calor!

As tuas mãos geladas,
Ferem-me a alma despida,
E entre sussurros e lágrimas,
Dás-me um beijo de despedida.

Tudo o que sou morreu,
Ao ver-te partir na escuridão,
E entre os lençóis revirados,
Suores trémulos revoltados,
Acordei com um clarão.

- Sem querer, sonhei contigo...!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Borrão

Bolas! Acabou de rebentar-me a caneta.
Borrou-me a vida toda deste momento.
Concebi uma ideia muito em concreto,
dobrei em quatro o papel branco e...ora esta!

O branco ficou todo azul da cor das palavras,
escondeu-me tudo o que estava assente.
A que veio tudo isto de repente?
Provavelmente culpa do quente de mãos minhas.

Ou então (isto sou eu a divagar),
a caneta no auge da excitação intumesceu
e, não tendo mais força do que eu,
deitou fora tudo o que lhe estava a estorvar.

O meu problema agora não é a mão suja,
mas a sujidade que eu já tinha pintado,
sob a forma de letras do pensamento forjado,
perdeu-se irreversivelmente na folha rabuja.

As criações entornadas deixam de existir,
perdem o sentido uma vez depostas.
É como falar e virar as costas.
Escrito está, impossivel repetir.

Não é grave, pelo menos foi redigido
o que era para ser expresso.
São teimosias minhas de excesso,
...azar (meu ou vosso), nunca será lido.

Vou deitar isto fora e lavar as mãos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Falsa Vida

A minha história de vida é simples. Fui sempre alguém que viu a mentira como uma fuga para possíveis problemas mas, o mais engraçado, é que acabei sempre por encontrar mais ainda. Isso, tocou todos os aspectos da minha vida social: amizades, amores, mesmo até a nível profissional e familiar. Vivia tão profundamente nas malhas da mentira que chegava mesmo a acreditar que eram verdades incontestáveis; enfurecia-me sempre com quem me contrariava ou com quem reconhecesse que mentia descaradamente. Vivi mergulhado, completamente atafulhado em mentiras que chegavam mesmo a ser desnecessárias, era um vício fulminante. Anos a fio vivi eu assim coberto pelo negro véu da ficção, enganando outros e pior ainda, enganando-me a mim mesmo.Após uma tremenda e progressiva indagação ao mais profundo do meu imo, conclui que em vez de progredir na vida e como pessoa, apenas aniquilava todo o bem que fazia para mim e para os outros com esse vício exasperado e compulsivo que é a mentira.Além de disseminar a discórdia e muitas das vezes a separação das pessoas de quem se gosta, a mentira deixa uma mácula tremenda dentro de nós chegando mesmo, em casos extremos à depressão e ao afastamento de tudo e de todos. Vivemos fechados dentro de nós, isolados e alheados à realidade que nos circunda e, quem ousa atravessar-se no nosso caminho tratamo-lo de modo rude e mal educado, não admitindo que o erro possa ser nosso. Depois de viver no bréu da realidade fez-se uma nova luz na minha cabeça, a Omissão. É parecidíssima com a mentira em tudo, apenas com a particularidade de se esconderem os factos mais relevantes ou denunciantes; não se deturpa a verdade apenas, contorna-se. Não me podem chamar de mentiroso assim, pensei eu! Será que não? Mas, a mente prega-nos partidas e quando menos esperamos “damos com a língua nos dentes” sem querer e aí a salvação só pode ser a mentira, como é óbvio. Das duas uma, a omissão ou leva à mentira ou à confição! Se enveredarmos pela mentira temos que continuar sempre a mentir, como que um novelo que nos enleia suavemente e quando damos por nós não temos saída senão contar mesmo a verdade. O que depois trará consequências perniciosas quase sempre irreparáveis. Pois bem, posso dizer que fui assim longos anos...!Mas, como o Mundo gira e está sempre em mudança permanente as pessoas também mudam, pouco amiúde e intrincadamente mas, mudam; foi o meu caso. Certo dia acordei e disse para comigo, hoje não vou mentir. Assim foi, consegui! Passou um, passáram dois, três, quatro dias e não menti, quando dei por mim já tinham passado semanas. Foi uma vitória voltei de novo a não mentir, voltei de novo a ser verdadeiro e realista. Com a particularidade engraçada de notar bem quando outros me mentiam, via-me neles; já conhecia tão bem todos os engodos desse vício velhaco e matreiro; que só mói por dentro, prejudica a vida e os bons relacionamentos. Cheguei ao cúmulo de sorrir na cara de quem me mentia por me sentir tão bem,via-me livre de um espinho que anos a fio se cravou constantemente na minha cabeça finalmente liberei-me, pensei eu! Agora quem me mente, faz figura de “palhaço” porque eu conheço todas as manhas, os truques sou um ex-mentiroso compulsivo que vive felizmente na sua tristeza, que é o facto de já ninguém acreditar em mim. Mas sou feliz à minha maneira porque consegui vencer um vício tão prejudicial como outros tantos . No entanto, ganhei experiência sou um detéctor de mentiras ambulante. Só espero que quem mente, não o faça porque mais cedo ou mais tarde vai chegar a mesma conclusão que eu. Mentir não leva a lado algum só nos prende mais e afasta tudo o que de bom existe na vida, até a sorte! Agora a vida já me sorri outra vez, a sorte voltou e eu mudei. Só tenho tenho pena de uma coisa, de todo o tempo que perdi meio embriagado nas mãos da mentira....!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Poeta Falso

Saio de casa em passo certo,
passo no café, bebo em dois tragos.
Não é alcool, é café e desperto.
Não como! Guardo dois guardanapos.

Conto os trocos, são alguns cêntimos.
Pago, dirijo-me para a saída.
Olho, vejo-te e não paro, chocamos.
- Desculpe, foi sem querer - dizes encolhida!

Respondo que a culpa foi minha, - não a vi!
Insistes, dizes que me pagas algo.
Aceito e sentamo-nos, não me precavi,
os guardanapos caem, fico gago

à pergunta - Para que os guardou?
Tranquilizo-me, invento que sou poeta.
Vou escrevendo daqui até onde vou.
Pedes-me um poema, e eu sem caneta...!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Bakhar V

Fora da gruta todos esperavam boas novas já um pouco desaminados mas, confiantes que Batigo voltaria em breve.
No Forte os restantes Hidjha faziam a lide diária como de costume, tudo era harmonia e paz.
O pequenote de Batigo que resistira milagrosamente ao naufrágio crescia a olhos vistos, estava cada vez maior e mais robusto. Os seus dois anos pareciam já cinco, para a sua idade Bakhar era muito inteligente o orgulho do pai, que neste momento, se encontrava em grandes apuros encarcerado na gruta da Cascata.
O capitão começava a sentir-se preocupado com a demora excessiva de Batigo. Decidiu lançar-se numa busca desmedida com os seus homens, pois o seu melhor marinheiro não podia desaparecer assim. Era nobre e novo demais para deixar ali a sua vida! Merecia uma morte mais digna, do que simplesmente desaparecer assim no nada...
Batigo mais animado agora, tentava achar a saída daquela gruta infidável, descia escadas, subia rampas e atravessava galerias até que sentiu uma forte corrente de ar fustigar-lhe os cabelos, pensou; só pode ser uma saída. Correu desenfreadamente de cabeça vazia, apenas com uma vontade, sair dali e voltar para junto dos seus companheiros e família.
Nisto o ar tornou-se quente, e mais quente ainda, reparou que obedecia a uma cadência mas mesmo assim, Batigo corajosamente lá continuou um pouco mais cauteloso.
Entrou numa galeria cavernosamente escura, lá no fundo duas luses de cor âmbar reluziam profusamente; era um Dragão Espinhoso. O marinheiro de susto desata a correr outra vez para trás em pânico e, nem reparou que o dragão nem lhe ligára. Continuava ali imóvel, sereno, de olhos vagos meio tristes.
Batigo pensou, só pode estar ferido ou doente! Mas os dragões não adoecem cocluiu. Bem, só pode estar ferido. Aproximou-se devagar, caminhou subtilmente até ficar de caras com o dragão. Este, piscou os olhos solenemente e bafou suave adormecendo de seguida.
O marinheiro incrédulo com toda aquela passividade percorreu o majestoso dragão em busca de um ferimento.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ano Novo

Dois mil e um, dois mil e dois, dois mil e três, dois mil e etc...
Nestas datas de final de ano e principio de outro, tendemos a fazer um balanço do ano passado e listas mentais com promessas a cumprir no ano seguinte. Este ano alterei essa forma de agir, fiz um balanço de toda a vida, foquei-me nos pontos dolorosos e nos mais felizes e recordei outros que, não sendo bons nem maus, me trouxeram até esta data, desta forma. Haveria muitos aspectos ainda para recordar mas a minha memória não guardou todos em vinte e seis anos, nem tal seria possivel. No meio disto, dois anos se sobressaem, dois mil e quatro, provavelmente o ano mais feliz até agora, ano de maior conhecimento de terras e pessoas e principalmente de consolidação de amizades que permaneceram até hoje. E mesmo as amizades desse e doutros anos que se perderam foram importantes, assim como as paixões e mesmo os ódios e inimizades que, felizmente, não foram muitos. Outro ano importante foi o passado dois mil e oito, pelo bom e pelo mau, tornou-me mais forte, mais estável, mais seguro. Foi talvez o ano mais dificil que tive e, talvez por isso, o que mais me alterou. Chegado a dois mil e nove seria a altura de eu fazer as promessas e estabelecer metas a cumprir. A verdade é que este ano tomei a decisão séria de não fazer promessas a mim próprio e muito menos a outros. O que vier virá e eu cá estarei de pé à espera, de pé porque anos houve em que esperei sentado, e quando o futuro chega e estamos sentados, ele olha-nos de cima para baixo e reduz-nos, intimida-nos. Este ano estou em pé e vou olha-lo nos olhos.
Quem habitualmente lê os meus textos talvez fique surpreendido por este ser autobiográfico, talvez seja o primeiro e último porque não sou de partilhar emoções e sentimentos e quando o faço transmito-o através das minhas personagens.
O blog Rastilho Literário está cheio de emoções que tive ao longo do ano, camufladas algumas, outras mais à tona. Umas mais sinceras, outras falsas. Como disse que não iria fazer promessas, vou começar por cumprir essa já de si “promessa”, não vou dizer que o blog durará todo o ano e que cá estarei sempre a editar pequenos textos e poemas e bla, bla, bla. Hoje publico este, amanhã se verá.
Aos leitores e leitoras fica o desejo de um excelente ano.