sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Borrão

Bolas! Acabou de rebentar-me a caneta.
Borrou-me a vida toda deste momento.
Concebi uma ideia muito em concreto,
dobrei em quatro o papel branco e...ora esta!

O branco ficou todo azul da cor das palavras,
escondeu-me tudo o que estava assente.
A que veio tudo isto de repente?
Provavelmente culpa do quente de mãos minhas.

Ou então (isto sou eu a divagar),
a caneta no auge da excitação intumesceu
e, não tendo mais força do que eu,
deitou fora tudo o que lhe estava a estorvar.

O meu problema agora não é a mão suja,
mas a sujidade que eu já tinha pintado,
sob a forma de letras do pensamento forjado,
perdeu-se irreversivelmente na folha rabuja.

As criações entornadas deixam de existir,
perdem o sentido uma vez depostas.
É como falar e virar as costas.
Escrito está, impossivel repetir.

Não é grave, pelo menos foi redigido
o que era para ser expresso.
São teimosias minhas de excesso,
...azar (meu ou vosso), nunca será lido.

Vou deitar isto fora e lavar as mãos.

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