quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Falsa Vida

A minha história de vida é simples. Fui sempre alguém que viu a mentira como uma fuga para possíveis problemas mas, o mais engraçado, é que acabei sempre por encontrar mais ainda. Isso, tocou todos os aspectos da minha vida social: amizades, amores, mesmo até a nível profissional e familiar. Vivia tão profundamente nas malhas da mentira que chegava mesmo a acreditar que eram verdades incontestáveis; enfurecia-me sempre com quem me contrariava ou com quem reconhecesse que mentia descaradamente. Vivi mergulhado, completamente atafulhado em mentiras que chegavam mesmo a ser desnecessárias, era um vício fulminante. Anos a fio vivi eu assim coberto pelo negro véu da ficção, enganando outros e pior ainda, enganando-me a mim mesmo.Após uma tremenda e progressiva indagação ao mais profundo do meu imo, conclui que em vez de progredir na vida e como pessoa, apenas aniquilava todo o bem que fazia para mim e para os outros com esse vício exasperado e compulsivo que é a mentira.Além de disseminar a discórdia e muitas das vezes a separação das pessoas de quem se gosta, a mentira deixa uma mácula tremenda dentro de nós chegando mesmo, em casos extremos à depressão e ao afastamento de tudo e de todos. Vivemos fechados dentro de nós, isolados e alheados à realidade que nos circunda e, quem ousa atravessar-se no nosso caminho tratamo-lo de modo rude e mal educado, não admitindo que o erro possa ser nosso. Depois de viver no bréu da realidade fez-se uma nova luz na minha cabeça, a Omissão. É parecidíssima com a mentira em tudo, apenas com a particularidade de se esconderem os factos mais relevantes ou denunciantes; não se deturpa a verdade apenas, contorna-se. Não me podem chamar de mentiroso assim, pensei eu! Será que não? Mas, a mente prega-nos partidas e quando menos esperamos “damos com a língua nos dentes” sem querer e aí a salvação só pode ser a mentira, como é óbvio. Das duas uma, a omissão ou leva à mentira ou à confição! Se enveredarmos pela mentira temos que continuar sempre a mentir, como que um novelo que nos enleia suavemente e quando damos por nós não temos saída senão contar mesmo a verdade. O que depois trará consequências perniciosas quase sempre irreparáveis. Pois bem, posso dizer que fui assim longos anos...!Mas, como o Mundo gira e está sempre em mudança permanente as pessoas também mudam, pouco amiúde e intrincadamente mas, mudam; foi o meu caso. Certo dia acordei e disse para comigo, hoje não vou mentir. Assim foi, consegui! Passou um, passáram dois, três, quatro dias e não menti, quando dei por mim já tinham passado semanas. Foi uma vitória voltei de novo a não mentir, voltei de novo a ser verdadeiro e realista. Com a particularidade engraçada de notar bem quando outros me mentiam, via-me neles; já conhecia tão bem todos os engodos desse vício velhaco e matreiro; que só mói por dentro, prejudica a vida e os bons relacionamentos. Cheguei ao cúmulo de sorrir na cara de quem me mentia por me sentir tão bem,via-me livre de um espinho que anos a fio se cravou constantemente na minha cabeça finalmente liberei-me, pensei eu! Agora quem me mente, faz figura de “palhaço” porque eu conheço todas as manhas, os truques sou um ex-mentiroso compulsivo que vive felizmente na sua tristeza, que é o facto de já ninguém acreditar em mim. Mas sou feliz à minha maneira porque consegui vencer um vício tão prejudicial como outros tantos . No entanto, ganhei experiência sou um detéctor de mentiras ambulante. Só espero que quem mente, não o faça porque mais cedo ou mais tarde vai chegar a mesma conclusão que eu. Mentir não leva a lado algum só nos prende mais e afasta tudo o que de bom existe na vida, até a sorte! Agora a vida já me sorri outra vez, a sorte voltou e eu mudei. Só tenho tenho pena de uma coisa, de todo o tempo que perdi meio embriagado nas mãos da mentira....!

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