quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quarto

Fechei-me num quarto,
quatro paredes
sem portas nem janelas.
Sentei-me conformado,
vi as horas passarem
no relógio pendurado.
Não me interessava o exterior,
todo ele era passado.
Um passado que não fez futuro.
Tic, Tac, Tic, Tac.
Adormecido para a vida
num corpo dormente
sem alma, falecido.

Quando acordei
vi o sol.
E sem acreditar
no calor que sentia
procurei o relógio.
Mas não havia relógio,
no seu lugar estava uma janela.
Alguém pusera uma janela
na minha vida de quatro paredes.
Espreitei pela janela
e vi lá fora o meu futuro.
Cheguei então à conclusão
que afinal o meu passado
tinha feito futuro.
O meu passado era aquela janela
e o meu futuro estava lá fora.

E agora continuo a espreitar
pela janela e sou feliz.
Com todo o sol a bater-me na cara
sei que um dia esta janela será uma porta
que abrirei, e já do lado de fora direi,
valeu a pena esta espera.

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